quarta-feira, 28 de março de 2012
Algumas questões para reflexão, acerca do Ensaio Sobre a Dádiva e das aplicações da reciprocidade
- Em que medida a ideia de Mauss de que a dádiva está na origem da troca e do mercado é posta em causa pelo facto de, quando havia potlatch, kula ou grandes concentrações maori com entrega de presentes, haver também paralelamente feiras e mercados onde se regateava?
- Em que medida os objectos de prestígio que circulavam no kula, no potlatch ou entre os maori podem corresponder a proto-moedas, como sugere Mauss? Ou são, em vez disso, anti-moedas?
- Tratando-se embora de factos sociais totais, em que medida é que estas instituições estudadas por Mauss são fundamentalmente económicas? Ou serão fundamentalmente políticas? Ou isso não é relevante, por serem factos sociais totais?
- Em que medida e em que sentido as interpretações que encaram o império Inca a partir dos princípios da reciprocidade (Wachtel), ou como um novo modo de produção expoliatório que manipula os princípios económicos e ideológicos anteriores (Godelier), podem ser consideradas como contraditórias e opostas? Em que medida e em que sentido podem ser complementares e salientarem diferentes vertentes de uma mesma realidade?
Lembro que o conjunto total da bibliografia disponível (incluindo os textos de apoio à palestra do Prof. Fábio Oliveira) já estão disponíveis na Plataforma Moodle da cadeira. O mesmo se aplica às avaliações do primeiro mini-teste.
domingo, 4 de março de 2012
Perguntas relevantes e mais um texto
O que é que a análise de Marx mudou de tão relevante na teoria do valor-trabalho (antes dele, desenvolvida por Adam Smith e David Ricardo), para que tivessem rapidamente emergido as teorias marginalistas do valor, repegando princípios que eram anteriores a Adam Smith?
De que forma é que, na perspectiva dos economistas clássicos, o mecanismo da oferta e da procura regula a distribuição dos recursos existentes pelos vários sectores produtivos, e não apenas a formação de preços?
Qual é o mecanismo que permite afirmar que "os bancos criam moeda", aumentando o dinheiro em circulação muito para além da quantidade de notas que são materialmente impressas?
Para esta última questão, é bastante importante este texto da bibliografia da cadeira, que ainda não tinha sido disponibilizado no post anterior.
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
Textos de economia
Galbraith acerca dos economistas clássicos, sobre a moeda e expondo a moral capitalista na sua fase de ascenso.
A oferta e a procura, na mais ortodoxa das apresentações.
Uma completa passeata de Denis pelas teorias do valor.
Do velho Marx, o Trabalho Assalariado e Capital e o Manifesto do Partido Comunista.
Já no módulo 2, de J. F. Feliciano e A. Yañez-Casal, a economia e as outras vertentes do social, a par da formação da Antropologia Económica.
Se descobrir online os dois textos que faltam para completar a bibliografia, aviso. Boas leituras!
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
Antropologia Económica na FCSH, 2011/2012
O programa detalhado da cadeira está disponível aqui.
Desejos de um bom semestre.
quarta-feira, 25 de maio de 2011
Mudança de data de exame de Antropologia Económica
Os alunos deverão contactar, para pormenores, o secretariado do Departamento.
quinta-feira, 5 de maio de 2011
Algumas questões para reflexão dos meus alunos (e de quem se interesse por estas coisas)
- Que semelhanças e diferenças é que existirão entre o "desaparecimento do produtor no produto", que Geffray aponta na economia Macua, e fenómenos que ocorrem nas sociedades capitalistas?
- A julgar pelo caso do fracasso das "aldeias comunais" em Moçambique, de que forma podem os factores ecológicos, políticos e simbólicos ser obstáculos importantes para projectos de "desenvolvimento rural"?
- É concebível (e em que condições) que a crença em espíritos e feitiços seja compatível com a segurança e o trabalho em indústrias modernas de tecnologia complexa?
-Será que a crise dos mercados financeiros, de que continuamos a sofrer as consequências, teria sido possível caso as pessoas que neles transeccionam não absolutizassem a teoria marginalista do valor e não encarassem "o mercado" como uma entidade supra-individual e com racionalidade própria?
Há entretanto, em posts mais abaixo, ligações para vários outros textos relevantes para a antropologia quer de contextos económicos não-capitalistas, quer do capitalismo moderno.
quinta-feira, 17 de março de 2011
Dádiva e reciprocidade
Alguns textos acerca e a partir do Ensaio Sobre a Dádiva, de Marcel Mauss:
A posição de Sahlins.
Yañez-Casal, sobre as críticas ao Ensaio e sobre a dádiva nas sociedades contemporâneas.
O capítulo de Malinowski acerca do kula, disponível aqui;
Um artigo de Randles sobre a reciprocidade na África Bantu, (está aqui);
Um outro, de Wachtel, onde o Estado Inca é analisado do ponto de vista da reciprocidade (download aqui);
Um capítulo de Godelier, onde este analisa a mesma realidade segundo a perspectiva da expoliação e da manipulação ideológica (aqui).
E, já agora, algumas perguntas para debate e reflexão:
- Em que medida a ideia de Mauss de que a dádiva está na origem da troca e do mercado é posta em causa pelo facto de, quando havia potlatch, kula ou grandes concentrações maori com entrega de presentes, haver também paralelamente feiras e mercados onde se regateava?
- Em que medida os objectos de prestígio que circulavam no kula, no potlatch ou entre os maori podem corresponder a proto-moedas, como sugere Mauss? Ou são, em vez disso, anti-moedas? Ou, ainda, a questão não é relevante, visto tratar-se de um facto social total?
- Tratando-se embora de factos sociais totais, em que medida é que estas instituições estudadas por Mauss são fundamentalmente económicas? Ou serão fundamentalmente políticas? Ou, mais uma vez, isso não é relevante?
- Em que medida e de que forma é que a dádiva anónima e mediatizada, entre desconhecidos, põe em causa os modelos de reciprocidade baseados na proximidade e distância social, como o de Sahlins?
- Em que medida é que o aumento do âmbito e quantidade da dádiva entre desconhecidos, nas sociedades mercantis, pode corresponder a uma recusa da restrição das relações sociais modernas ao interesse e ao cálculo económico?
terça-feira, 1 de março de 2011
Algumas perguntas económicas interessantes para quem se interesse por antropologia
Porque é que Adam Smith achava que os monopólios e oligipólios eram a maior ameaça aos aspectos que considerava benéficos na sua "lei da oferta e da procura"?
Porque é que as alterações que Karl Marx introduziu na "teoria do valor-trabalho", antes desenvolvida por Adam Smith e David Ricardo, mudaram tão profundamente o seu estatuto explicativo, ético e político?
O que é que significa, precisamente, dizer que a moeda é um "equivalente universal de valor" e que vantagens traz a sua existência?
Porque é que a quantidade de dinheiro em circulação é muito maior do que a quantidade de dinheiro realmente impresso e materialmente existente?
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
Economias para aprendizes de antropólogo
Começando por alguns conceitos e questões básicas da economia, poderão acompanhar a oferta e a procura, a "mão invisível" do mercado e a génese do valor-trabalho neste texto de Galbraith e nos ainda mais mainstream Samuelson e Nordhaus.
Sobre o percurso do valor-trabalho à mais-valia (e daí à exploração), vale a pena ler Denis acerca das teorias do valor e, claro, o velho Marx, ele próprio.
Acerca da moeda, troca e mercados financeiros, sugiro o sempre irónico Galbraith e o mais sisudo Samuelson.
Quanto ao que disto saiu, de legitimações morais e projectos de sociedade, valem de novo a pena o Galbraith e o Marx.
Pode-se ir também pensando acerca do que dizem Feliciano e Yañez-Casal acerca das relações entre o económico e outras dimensões de social, e acerca da construção da antropologia económica - tema a acompanhar também em Godelier.
Entretanto, tal como nas restantes cadeiras.a aula de dia 17/2 será substituída pela conferência de homenagem a Jill Dias, pelo que as matérias destes primeiros módulos serão um pouco mais consensadas.
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
Informações e textos - ICS
Quanto à cadeira de Economia e Poder, o artigo de Susana Durão sobre Polícia, Segurança e Crime pode ser consultado aqui.
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Outras saúdes - coisas boas para ler
Sobre a adivinhação como diagnóstico (e suas auto-limitações).
Sobre o "olho clínico" e a medicina baseada na prova.
Sobre etiologias "indígenas" e a célebre cobra no estômago.
Sobre rituais de limpeza e a entrada na profissão através de "affliction cults".
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Poderes e economices
Balandier, sobre a chamada antropologia política, e Fialho Feliciano e Yañez-Casal, sobre a chamada antropologia económica.
O clássico e sintético Trabalho Assalariado e Capital, do velho Marx, e o mais recente mas muito interessante debate de Sahlins sobre "sociedades da abundância".
Os mesmos Sahlins e Yañez-Casal, agora acerca da reciprocidade, a partir do Ensaio Sobre a Dádiva, de Marcel Mauss.
Quanto à diversidade e ambiguidade do poder político, aconselho uma passagem pelos Nuer, vistos por Evans-Pritchard, e a discussão de Clastres acerca dos chefes ameríndios "sem poder" - podendo aproveitar-se o balanço para visitar o percurso de Adler em torno dos reis sagrados fazedores de chuva, a visão de Godelier acerca dos Incas (que vale a pena comparar com o que Soustelle nos diz dos Aztecas) e, já agora, as acepções de "hegemonia" em Gramsci, bem expostas por Crehan.
Sobre género e poder em contextos de mudança, sugerirei mais. Mas, por enquanto, dá para ver este texto de Aboim. E, para quem se interesse por organização policial e repressiva, é interessante este texto de Durão.
Sobre economia, ideologia e poder na indústria, pode ir-se dando uma vista de olhos aqui, enquanto não sugiro mais.
E, para relações entre economia, poder e alterações climáticas, valem bem a pena estes textos de Seromenho Marques, de Bulkeley e de Swyngedouw.
Estando nós em temas bem actuais, que tal as crises, elites e mercados financeiros, nas estimulantes abordagens de Duclos, de Rolo e de Knorr-Cetina?
E sugerirei ainda alguns textos sobre hegemonias, relativismo cultural e direitos humanos. Para além da tal explanação sobre Gramsci, pode dar-se um olho neste texto de Vale de Almeida.
Boas leituras!
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
Risco, incerteza e crise
Denis Duclos interroga se aquilo que vivemos é uma sociedade do risco ou ditadura dos "riscólogos"
Philippe Roqueplo aborda os interesses políticos da gestão do risco
Joseph Scanlon sugere caminhos para prever o imprevisível na planificação de resposta a emergências
Patrick Lagadec aprofunda a noção e característica da crise na resposta a acidentes maiores
terça-feira, 11 de maio de 2010
Algumas questões curiosas e por vezes polémicas...
- Será que os "objectos de prestígio" estudados por Marcel Mauss no Ensaio Sobre a Dádiva eram, como ele sugere, antecedentes da moeda, ou eram exactamente o inverso de moedas?
- Em que medida é que a interpretação de Marshal Sahlins dos grupos de caçadores-recolectores como "sociedades da abundância" põe em causa os pressupostos (e definições) clássicos da economia?
- Será mais esclarecedor e adequado abordar o sistema económico Inca a partir da lógica da reciprocidade (como Wachtel), ou da manipulação ideológica da expoliação económica (como Godelier)?
- Que semelhanças e diferenças é que existirão entre o "desaparecimento do produtor no produto", que Geffray aponta na economia Macua, e fenómenos que ocorrem no nosso tipo de sociedades?
- É concebível que a crença em espíritos e feitiços seja compatível com a segurança e o trabalho em indústrias modernas (piscadela de olho, claro, às minhas pesquisas na Mozal)?
- Será que o facto de as pessoas que negoceiam nos mercados financeiros partilharem a teoria marginalista do valor (em que este só existe no mercado, pelo jogo da oferta e da procura) nos ajuda a compreender as práticas aparentemente irracionais que conduziram à actual crise económica?
- Continua a existir centralidade do trabalho, nesta época de globalização?
quinta-feira, 6 de maio de 2010
Informação sobre "frequência"
Informo também que, na sequência de alguns acontecimentos recentes, o enunciado integrará uma pergunta de resposta obrigatória, versando este texto. Sugiro, por isso, que lhe prestem a devida atenção.
segunda-feira, 26 de abril de 2010
Aula-palestra de Carvalho da Silva
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
Mais uns artigos - 1
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
Antropologia Económica 2010
Neste início de trabalho esforçado, informo que o programa actualizado da cadeira de Antropologia Económica, incluindo a planificação aula a aula e a bibliografia complementar, está disponível para download aqui.
E, já agora, para vos ajudar a irem escolhendo as vossas fichas de leitura, alguns textos nele indicados e que foram sendo detectados na internet:
J. K. Galbraith sobre os economistas clássicos britânicos.
Samuelson e Nordhaus sobre a oferta e procura.
H. Denis sobre as teorias do valor.
O velho Manifesto, de Marx e Engels.
B. Malinowski sobre o kula.
Yañez-Casal sobre as críticas ao Ensaio Sobre a Dádiva, sobre a dádiva nas sociedades contemporâneas e sobre as aldeias comunais moçambicanas.
M. Godelier sobre os Incas.
N. Wachtel sobre eles também, mas na perspectiva da reciprocidade.
W. Randles sobre a reciprocidade bantu.
M. Sahlins sobre as estratégias zen e a sociedade da abundância, em inglês.
C. Meillassoux sobre o modo de produção doméstico.
C. Geffray sobre a economia Macua.
M. I. Cunha sobre a economia "informal".
J. Hivernel sobre o mesmo tema, na Síria.
G. L. Ribeiro sobre globalização "vinda de baixo".
Do vosso estimado prof, dois textos complementares sobre a fábrica Mozal: este e este.
J. S. Martins sobre o aparecimento do demónio numa fábrica em mutação.
K. Knorr-Cetina sobre os mercados financeiros.
J. M. Rolo sobre a actual crise.
Dá para ir criando apetite, mas ainda é só uma parte do menu.
Indicar-vos-ei mais, à medida que os descubra.
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
Mais uns textos
Coisas interessantes, como verão.
Karin Knorr-Cetina, numa abordagem antropológica dos mercados financeiros.
Miguel Vale de Almeida, sobre "multuculturalismo" e "cidadania cosmopolita".
E a última parte deste meu artigo, sobre relativismo cultural e direitos humanos.
E, já agora, dêem uma vista de olhos nisto: