sábado, 25 de abril de 2009

Ao contrário da maioria dos democratas da minha geração, não me desagrada que o pessoal 20 ou 30 anos mais novo se esteja nas tintas para as comemorações do 25 de Abril.
Não me desagrada, porque isso quer dizer que, para eles, a liberdade é uma coisa natural, um dado adquirido que sempre conheceram e que, por isso, nem sequer justifica celebração.

É claro que não é assim, que a liberdade só é “natural” nas abstracções de alguma filosofia política e que nunca é um dado adquirido.
É claro que a liberdade que conhecem é resultado de milénios de lutas, expressão de um equilíbrio mutável de poderes e um bem permanentemente ameaçado.

Mas estará menos apetrechado para defender a sua liberdade (e para se aperceber quando ela é posta em causa) quem a sinta como natural?
Duvido muito. Não se aperceberão de como é fácil perdê-la; mas, mais do que quem se habituou a conhecer a sua ausência, encararão essa perda como inaceitável.

A aparente indiferença dessas pessoas mais novas é, afinal, a maior das comemorações, o mais forte hino à liberdade – e, saibam-no elas ou não, àqueles que contribuíram para que ela se tornasse normal.

(publicado originalmente aqui)

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Violência e legitimação

Alguns textos disponíveis on-line, interessantes para o tema da violência e legitimação:

- Kate Crehan fala dos conceitos de hegemonia na obra de Gramsci

- Jacques Soustelle expõe a vida dos Aztecas antes da conquista espanhola

- Maurice Godelier analisa a manipulação dos anteriores princípios de organização dos povos submetidos, para a legitimação da exploração e domínio por parte do império Inca

- Max Gluckman apresenta o sistema político do reino Zulu, na sequência da sua expansão guerreira

- Jason Sumich discute o papel da ideologia da modernidade na legitimação das altas elites moçambicanas

Bon apetit...

Seminário "Poderes, Estado e Violências"

O seminário sobre "Poderes, Estado e Violências", baseado no livro Vida Sob Cerco - violência e rotina nas favelas do Rio de Janeiro, foi adiado para a próxima 4ª feira, dia 29 de Abril, das 12 às 14 horas.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Ortodoxia económica e baixa da inflação

Sobretudo ao pessoal do ICS e aos alunos de Antropologia Económica, sugiro a leitura deste meu recente desabafo analítico.

Também ao pessoal de Antropologia Política.
Afinal, se alguns podem duvidar que a economia seja política, a política financeira é-o certamente.

domingo, 12 de abril de 2009

Lançamento de livro


Sobretudo para os inscritos no seminário 5, aqui fica a notícia:

O livro Migração, Saúde e Diversidade Cultural vai ser lançado 2ª feira às 18h 30m, na Livraria Bulhosa de Entrecampos.

Vêmo-mos por lá.

domingo, 5 de abril de 2009

Estranhas lógicas de decisão

Partindo do saudável princípio de que as pessoas não são estúpidas (e de que as decisões políticas aparentemente absurdas seguem uma lógica e um cálculo, mesmo que peculiares e normalmente culturais), justifica-se questionar:

Por que razão a Coreia do Norte, semi-pária da comunidade internacional, decidiu lançar um míssil de longo alcance sobrevoando o Japão, em dia de cimeira da NATO e durante a primeira visita de Obama à Europa?

E que raio terá passado pela cabeça do presidente da Geórgia, quando esta estava a dois passos de entrar na NATO, para em dia de abertura dos Jogos Olímpicos atacar um território que se tinha autonomizado há anos, sabendo que a Rússia iria reagir?

Duas perguntam que merecem um debate, não?