terça-feira, 31 de março de 2009

Hegemonias

Leituras que valem a pena (já para 4ª feira): Kate Crehan, acerca dos conteúdos da palavra "hegemonia", em Gramsci.

domingo, 29 de março de 2009

Seminário Victor Turner


Aproxima-se o seminário sobre Schism and Continuity in an African Society, obra de Victor Turner disponível aqui.

Na próxima 4ª feira, os membros do grupo organizador do seminário deverão chegar mais cedo do que a aula (às 11h30m), para fazermos o ponto da situação e acertarmos agulhas.

Até lá, há 2ª feira um encontro de trabalho entre alunos do qual, segundo parece, nem todos estão ainda avisados.

Uma das colegas que compõem o grupo pede que quem não estiver a par do encontro a contacte através do e-mail susana.boletas@gmail.com.

Desejos de bom trabalho.

terça-feira, 24 de março de 2009

Os ricos prendem a chuva

Esta questão (cliquem na imagem para aumentar) está a levantar muita celeuma e a fazer correr sangue no centro de Moçambique.

Parece de propósito para discutir na aula de Antropologia Política, amanhã, acerca de realeza sagrada e fazedores de chuva...
A quem achar o assunto tão interessante como ele merece, sugiro também a leitura deste artigo de Harry West.

O scan foi cortesia de Carlos Serra.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Info seminários

Devido aos atrasos nas inscrições para o primeiro seminário da cadeira de Antropologia Política, acerca do livro de Victor Turner, ele será adiado uma semana, passando a realizar-se dia 3 de Abril.

Se até à próxima 4ª feira o grupo de trabalho não estiver completo, ver-me-ei obrigado a nomear os membros em falta, escolhendo-os aleatoriamente de entre os alunos que não se tiverem ainda inscrito para nenhum seminário.

A actual lista de inscritos está na caixa de comentários deste post.
Agradeço que a consultem e indiquem qualquer discrepância que detectem.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Do evolucionismo à ambiguidade do poder


Pois é, people...
A internet é um manancial de textos interessantes para quem quer estudar os primeiros passos da abordagem do político pela antropologia e similares, ou os case studies mais clássicos.
Tomem lá uma lista de links:

De Lewis Morgan (o senhor da foto), Ancient Society. Para as questões do político interessam mais o capítulo 1 e a parte II, embora toda a lógica do livro seja, precisamente, correlacionar 'artes de subsistência', formas de família e de governação.
Para quem torce o nariz ao inglês, a versão portuguesa chama-se Sociedade Primitiva (ora tomem!) e está em quase todas as bibliotecas.

De James Frazer, The Golden Bought. Aqui, interessa sobretudo a parte relativa à realeza sagrada. Ouvi dizer que também há tradução em português, mas nunca lhe puz a vista em cima.

De Marx & Engels, Manifesto do Partido Comunista. É um documento deliberadamente panfletário e, por vezes, simplificador do trabalho do velho Karl, mas estão lá os elementos centrais da sua visão de evolução política.

De E.E. Evans-Pritchard, "Os Nuer do sul do Sudã0", um artigo que é assim a modos que um concentrado do célebre livro.

De Pierre Clastres, "Troca e poder: filosofia da chefia índia", um muito estimulante capítulo de A Sociedade Contra o Estado.

Por fim, de Alfred Adler, "Fazedores de chuva, fazedores de ordem", um percurso por várias variantes de realeza sagrada (ou próximas dela) e controle social sobre essas figuras poderosas e ambíguas.

Divirtam-se.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Programa da cadeira - FCSH

Informo que o programa da cadeira de "Antropologia Política" da FCSH (e respectiva programação aula-a-aula) passou a estar disponível aqui.

domingo, 8 de março de 2009

Mais galinhas-do-mato de Barcelos


Entretanto, está por aqui mais um aspecto das semelhanças e diferenças entre a política portuguesa e a que se faz em português, noutros países do mundo.

Neste caso, os sentidos das metáforas com mãos, quando surgem acontecimentos que desagradam (ou deveriam desagradar) aos ocupantes do poder político.

Mais matéria-prima para debate, no Forum "Antropologizar a política portuguesa".

Seminários de "Antropologia Política"

Estão definidos os temas e livros que servirão de base aos 5 seminários integrados na cadeira de Antropologia Política da FCSH. São eles:

1. Regra política e agência (27 de Março)
Turner, V. - 1957, Schism and Continuity in an African Society. Manchester, MUP.

2. Poderes, Estado e violências (24 de Abril)
Silva, L.A.M. (org.) - 2008, Vida Sob Cerco: violência e rotina nas favelas do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Nova Fronteira.

3. A feitiçaria como linguagem política (20 de Maio)
West, H. - 2009, Kupilikula: O Poder e o Invisível em Mueda, Moçambique. Lisboa, ICS.

4. Políticas no espaço laboral (5 de Junho)
Granjo, P. - 2004, «Trabalhamos sobre um barril de pólvora»: homens e perigo na refinaria de Sines. Lisboa, ICS.

5. Migração, saúde e direitos humanos (26 de Junho)
Lechner, E. (org.) - 2009, Migração, Saúde e Diversidade Cultural. Lisboa, ICS.
(O debate deste tema deverá também ter em conta este artigo e a última secção deste)

Lembro que as equipas organizadoras de cada seminário serão formadas por 12 alunos, que decidirão entre si os materiais a apresentar e se dividirão entre 6 apresentadores e 6 comentadores, devendo todos entregar uma ficha de leitura de 3 páginas (sobre o livro, sobre uma parte dele, ou discutindo uma das teses nele defendidas).

As inscrições para as equipas de cada seminário estão abertas a partir de agora, devendo ser feitas on-line na caixa de comentários deste post, bastando indicar o vosso nome e o número ou tema do seminário que pretendem organizar.

Informo também que, de acordo com a política editorial da Imprensa de Ciências Sociais, os alunos da cadeira terão 50% de desconto na aquisição dos livros por ela editados que (como os 3 acima indicados) façam parte da bibliografia recomendada.

nota: a equipa para o Tema 2 já se encontra completa. Quem ainda não escolheu, escolha outro.

Notas de "Economia e Poder"

People do 3º Mestrado em Antropologia Social e Cultural do ICS (uff!):

Foram atribuídas, na semana passada, as classificações definitivas da cadeira de Economia e Poder e das tutorias sob minha responsabilidade.
Não sei quando serão oficialmente lançadas pelos serviços administrativos. Por isso, quem estiver com pressa de saber as suas notas pode contactar-me através do e-mail.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Textos de apoio

Dois textos que aconselho a quem esteja a começar o estudo destas coisas:

Aqui, Luís Batalha faz uma exposição geral e acessível acerca de "Organização Política e Controlo Social".

Aqui, um velho texto de Georges Balandier acerca do "Domínio do Político".

quinta-feira, 5 de março de 2009

FORUM "Antropologizar a política portuguesa"

O antropólogo moçambicano Emídio Gune (de quem tive o gosto de ser professor, de ter como meu assistente na Universidade Eduardo Mondlane e que tem disponível on-line este interessante artigo) chamou a atenção, na caixa de comentários ao post anterior, para a vantagem ética e científica de aplicarmos aos fenómenos políticos nos países europeus, incluindo Portugal, o mesmo olhar analítico com que escrutinamos os países que, vistos daqui, parecem mais "exóticos".

O comentário torna-se ainda mais pertinente pelo facto de uma importante utilidade social da antropologia ser (para além da mais evidente possibilidade de entendermos lógicas e práticas sociais que consideramos diferentes) a capacidade de deixarmos de ver como "natural" aquilo que nos é mais familiar, questionando-o.

O aprofundamento deste aspecto e a discussão da legitimidade de fazer antropologia "à porta de casa" está disponível neste texto, para quem quiser.

Textos base para discussão é que já é mais difícil encontrar. Nem eu os posso prometer nos tempos mais próximos, pois o meu projecto de pesquisa sobre "A Esquerda Portuguesa e o Muro" ainda mal começou a balbuciar.
Mas, seguindo a sugestão do próprio Emídio Gune, talvez este conjunto de posts do meu blog mais velhinho (e particularmente este) sejam um bom ponto de partida.

Vamos debater?
Vamos levantar mais exemplos?

quarta-feira, 4 de março de 2009

Este blog

Há uns dias, um Presidente da República foi morto em sua casa, por militares, e o porta-voz das Forças Armadas veio dizer que não se tratava de um golpe de estado. E, se calhar, até nem era essencialmente isso.
Num país com fama de bem sucedido, vão-se sucedendo linchamentos que transmitem mensagens políticas e espalhando convicções de que o estado está a prender a chuva no céu e a espalhar a cólera.
Noutro, constitucionalmente democrático, uma sucessão inacreditável de malfeitorias repressivas estatais, por parte dos derrotados nas últimas eleições, foram toleradas pelos democráticos vizinhos de quem dependem.
Outro, ainda, por pouco não entrou em guerra civil e fragmentação, por razões que juntam a maior modernidade e arcaísmos com mais de 500 anos.

Entretanto, há quem se auto-organize em termos políticos, quem tenha chefes com maior ou menor poder e quem se submeta a estados.
Há quem escolha chefes mas os goze com as suas funções, há quem sacralize os seus reis e lhes atribua poderes enormes sobre o universo, há quem tente separar a política da religião.
Há classes sociais, castas e tentativas de fazer de conta que somos todos iguais.
Há relações de poder que se exercem sobre sociedades inteiras e outras que abrangem comunidades restritas, ou medram em empresas e escolas, entre homens e mulheres, numa família, entre duas pessoas.
Há quem as exerça mais com base na força e quem mais se esforce por fazer com que, aos olhos dos dominados, o seu domínio pareça natural e legítimo.

Isto interessa para alguma coisa?
Isto desperta-vos curiosidade?

Se são alunos de "Antropologia Política" na FCSH ou de "Economia e Poder" no ICS, é melhor que desperte - porque, no fim de contas, vão ter que estudar e discutir estas coisas.
É para vocês que, antes de mais, este blog existe. Como um espaço de informação e de debate que vos pode servir de apoio e que transporta estas questões das aulas para um sítio menos limitado pelos relógios e pela presença física.

Para os outros que aqui passem, juntem-se a nós.
Leiam o que aqui será sugerido, se quiserem. E se quiserem opinem, argumentem, perguntem, debatam.
O microfone está, a partir de hoje, aberto.