terça-feira, 24 de março de 2009

Os ricos prendem a chuva

Esta questão (cliquem na imagem para aumentar) está a levantar muita celeuma e a fazer correr sangue no centro de Moçambique.

Parece de propósito para discutir na aula de Antropologia Política, amanhã, acerca de realeza sagrada e fazedores de chuva...
A quem achar o assunto tão interessante como ele merece, sugiro também a leitura deste artigo de Harry West.

O scan foi cortesia de Carlos Serra.

2 comentários:

Anónimo disse...

Bom.

Quando os grupos sociais oscilam entre a tradição, baseada em regras de parentesco próprias, linhagens, rituais, feitiçaria, religião, crenças e organizações ancestrais, e o mundo moderno e global,com valores e normas que podem ser bastante diferentes, podemos ver nascer fenómenos desta natureza. Procurar impor modelos externos, sejam eles o Marxismo-leninismo, as democracias do tipo ocidental ou o liberalismo económico sem que as populações tenham passado por processos adaptativos (e quem nos garante que os grupos sócio-históricos querem esses modelos importados?) podem desaguar em fenómenos desta natureza. O modelo democrático será funcional em qualquer sociedade? Será que os referidos cidadãos Moçambicanos têm toda a informação sobre o que é e o que implica viver em democracia? É lícito que os governos centrais imponham a ideia de democracia, mas que depois abandonem as populações a si mesmas, levando a que estas retornem a práticas ancestrais como a feitiçaria, e com os castigos que estas acarretam. É isto aceitável? Nenhum grupo subsiste sem uma ordem social. Quando os governos centrais não actuam,são os chefes ou reis tradicionais que actuam. A chuva é vital para a sobrevivência, e o domínio do tempo atmosférico é um atributo dos chefes e dos reis. Encontramos aqui concepções do mundo e da ordem social bastante diferentes. Veremos na aula de amanhã qual o melhor enquadramento para estes acontecimentos, que a nós nos chocam, mas que noutros contextos poderão term outro entendimento, mesmo que eles nos pareçam inaceitávreis.

Sérgio Caldeira

Cromagnon Cronista disse...

Bem, esta noticia no meu ver tambem é bem demonstrativa como o economico esta em cima do politico, do poder.. Ou seja, o economico influencia o poder, e legitima a violencia.. Weber disse uma vez que o poder, o politico esta em cima de qualquer coisa, porque tem o monopolio da violencia legitima, não partilho esta opiniao..
Ou seja para resumir o meu pensamento, e fazendo alusão ao nosso contexto e nao so ao Africano, mas sim a um nivel global.. A sociedade liberal e o sistema capitalista permitiram a partir do sec XIX o aparecimento de novas dinastias que foram legitimadas já nao pela religiao ou pelo poder politico herdado mas pelo dinheiro e pelo poder economico, daí o economico estar a cima de tudo, e quem controlar o economico controla o poder..

Vitor Augusto